Agecom 25 anos: política de comunicação social sem personalismos

13/06/2017 13:04

Fachada da Agecom. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

“A criação da Agecom não foi um ato isolado. Fez parte de uma reforma administrativa aliada a um conceito de universidade aberta, comunicando-se com a sociedade de forma transparente”. A afirmação é do professor e ex-reitor Antônio Diomário de Queiroz sobre a criação da Agência de Comunicação (Agecom) há 25 anos, no primeiro ano de sua administração na UFSC, de 1992 a 1996.

Diomário argumenta que a “a função de comunicação era central para o conjunto de instituições líderes da sociedade”. No contexto dos anos 90 era fundamental evoluir do conceito de Assessoria de Imprensa do Gabinete da Reitoria para o de Agência, ao mesmo tempo em que o mundo se transformava com as novas tecnologias da informação e comunicação.

Queiroz entende que essa organicidade liberava a agência da tutela do reitor e, ao mesmo tempo, afirmava a responsabilidade por um processo amplo da universidade com a sociedade na busca pelo seu reconhecimento e pela valorização das pessoas.

“A comunicação apoderava-se de um espaço tão fundamental dentro das organizações que era preciso lhe assegurar uma estrutura própria, capaz de gerir uma política social de comunicação que sustentasse o processo de abertura e de extensão da universidade”, recorda.

Para o professor o espaço físico não era o diferencial, e sim a percepção mais ampla que a do Jornalismo em si. Buscava-se o envolvimento dos públicos na comunicação da universidade e credibilidade para atuar junto aos agentes sociais no processo de desenvolvimento do país.

Queiroz observa que a implantação da Agência sinalizava a conquista de uma autonomia de trabalho, mas sem deixar de dar atendimento e expressão externa à gestão universitária. E no seu entendimento não se podia “subordinar a política de comunicação às vontades, ao manejo e às ideologias do próprio reitor”.

Era um desafio e para ele Diomário escolheu a jornalista Heloísa Dallanhol, primeira diretora da Agecom. O ex-reitor já a conhecia e o seu trabalho à frente do Serviço de Divulgação do CTC.

Antônio Diomário de Queiroz foi um dos grandes apoiadores da continuidade da Política Pública de Comunicação na UFSC, fruto de um trabalho do jornalista Moacir Loth em 1987, e que influenciou outras instituições federais de ensino superior no Brasil.

Desconfianças

Antônio Diomário de Queiroz, ex-reitor. A Agecom foi criada em sua gestão em 1992. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Sobre a criação da agência, confessa que os próprios jornalistas não acreditavam e até o criticavam, por não entenderem a dimensão da proposta que era nova e avançada para a época. Mas, superado o medo e as desconfianças iniciais, a política integrada de comunicação da UFSC passou a ter destaque nacional e internacional. Diomário, que presidia a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes), composta à época por 52 universidades federais, contribuiu para a difusão da ideia. Tanto que a Agecom foi merecedora, em 1994, do prêmio José Reis de Divulgação Científica, considerado o mais importante do país nessa área.

Na administração da UFSC, Queiroz ainda investiu na abertura do processo de comunicação. Além da Agecom, houve também o esforço para implantar a TV Anhatomirim – instrumento que impulsionaria a interação da sociedade com a proposta de universidade aberta -, e a rede de comunicação LCT, que por meio de ação da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc), expandiu-se para as 3.200 escolas estaduais e para mais de um milhão de estudantes. Dessa forma, os ‘infoexcluídos’ estariam inseridos na comunicação em rede.

Ele enfatiza que a universidade não pode se isolar, como se não tivesse a responsabilidade social de gerar o novo conhecimento. “Tínhamos a clareza que nesta sociedade em rede os novos conhecimentos gerados dentro da instituição seriam o insumo básico do desenvolvimento e da justiça social”.

Deu como exemplo dessa preocupação um diagnóstico, feito na Agecom, de todos os grupos de pesquisa e extensão da universidade e uma implementação consciente desses pesquisadores em um processo de relacionamento com os agentes externos.

Diomário não se considera um dos principais personagens dessa história. “Tenho a clareza de que eu apenas sucedi a um conjunto de reitores altamente competentes e que fiz o que era possível e o que devia ser feito em quatro anos”. De fato, “a Agecom se identifica com a implantação da gestão e a afirmação dessa política de comunicação social, mas sem personalismos”, e a conjuntura que se formava favoreceu a decisão.

Apoio renovado

Luiz Carlos Cancellier, reitor da UFSC. Foto: Jair Quint/Agecom/UFSC

O apoio institucional para a comunicação, fundamental para uma mudança de cultura iniciada há 25 anos, foi recentemente resgatado na atual gestão do reitor Luiz Carlos Cancellier (2016-2020). Um de seus planos para a área era recuperar a autonomia da Agecom, e, neste sentido, uma das primeiras ações foi reestabelecer o cargo de direção.

Cancellier enfatizou que “a comunicação deve ser para divulgar projetos, intercâmbios, artigos, que podem ser notícias positivas. Se pensar que há 110 cursos há pauta para todos os dias na área de pesquisa, inovação, cultura e ensino”. Para o dirigente ter autonomia é importante, “porém não significa matérias críticas à Universidade, (…) tem que ter a liberdade de selecionar a pauta”. Argumenta que o diferencial da cobertura da Agência da de um veículo externo é que se “trata do órgão institucional de imprensa, não fica vinculada a pautas de gabinete, e sim da UFSC”.

Trabalho atual

O Jornal Universitário, após 38 anos, deixou de circular em 2012 e a publicação de matérias da UFSC se concentrou nos meios digitais, como o portal da Universidade (www.ufsc.br) – com mais de 250 postagens mensais – e as redes sociais. Além disso, por meio dos boletins eletrônicos – Divulga UFSC (diário), Divulga Ciência (semestral) e Semana UFSC (semanal) – as notícias da instituição chegam a mais de 60 mil pessoas regularmente.

O público conectado à UFSC aumentou. Prova disso é o seu grande alcance nas redes sociais, atualmente com quase 100 mil “curtidas” no Facebook, 25 mil seguidores no Instagram, e mais de 70 mil no Twitter.

A gestão da marca e do Sistema de Identidade Visual (SIV) da UFSC retornou para a Agecom em 2015. A Coordenadoria de Design e Programação Visual, criada em 2013, assessora nas necessidades que envolvam a comunicação visual e o design gráfico. Cabe a equipe, juntamente com outros profissionais da comunicação, desenvolver materiais institucionais e campanhas como as do Vestibular, Semana Mundial do Aleitamento Materno, Calendário da UFSC, combate ao Aedes Aegypti, de incentivo à redução do consumo de energia, entre outras.

O Jornalismo Científico continua na veia da comunicação da UFSC, com a criação e o desenvolvimento da Revista UFSC Ciência, que terá seu segundo número lançado em 2017. Já o Guia de Fontes passa por nova atualização, iniciada em janeiro de 2017. Esta ferramenta de pesquisa traz a relação dos pesquisadores da instituição e as respectivas área de conhecimento, consultada com frequência para o atendimento à imprensa local e nacional.

Compromisso

Com a missão de “Exercer a gestão da comunicação pública da UFSC e socializar informação e conhecimento a fim de contribuir para a construção de uma sociedade justa, democrática e com qualidade de vida”, a Agecom presta os seguintes serviços:

  • Execução da política pública de comunicação da UFSC;
  • Gestão do acervo fotográfico da UFSC;
  • Gestão do Sistema de Identidade Visual da UFSC;
  • Gestão das listas de e-mail da UFSC;
  • Gestão e produção de conteúdo para os perfis oficiais da UFSC nas redes sociais;
  • Envio de informativos digitais;
  • Produção e difusão do Jornalismo de Serviços, Informativo, Científico, Institucional e Factual relacionados à UFSC;
  • Produção de fotografias e vídeos a serem utilizados para os demais serviços;
  • Criação e produção de campanhas educativas, informativas e institucionais;
  • Atendimento das demandas da comunidade universitária quanto ao desenvolvimento de projetos de comunicação visual;
  • Produção, atualização e disponibilização do Guia de Fontes;
  • Contribuição na formação acadêmica e profissional dos discentes, por meio de estágios nas áreas de Administração, Jornalismo e Design;
  • Orientação a outros setores da UFSC quanto à criação e gerenciamento de perfis institucionais nas redes sociais;
  • Oferta de cursos de capacitação e projetos de extensão sobre comunicação no ambiente organizacional;
  • Atendimento às demandas da comunidade universitária e da imprensa por informação sobre os mais variados assuntos relacionados à UFSC e por meio de diversas mídias, como telefone, e-mail e redes sociais, além do atendimento presencial;
  • Promoção da integração entre a universidade e a comunidade, por meio dos meios de comunicação internos e externos;
  • Promoção da comunicação interna, visando à interação entre os diversos segmentos da universidade;
  • Clipagem diária de notícias, ou seja, monitoramento e seleção das notícias veiculadas na imprensa a respeito da UFSC.

 

Rosiani Bion de Almeida/Agecom/UFSC