Agência de Comunicação da UFSC

Volmir Cordeiro apresenta seu espetáculo “Céu”. Foto: divulgação

A programação da noite de terça, 30 de outubro, do Experimenta UFSC contou com a apresentação do espetáculo “Céu”, do coreógrafo Volmir Cordeiro. Realizada às 19h na Caixa Preta do bloco D do Centro de Comunicação e Expressão (CCE), a apresentação gerou grande expectativa na plateia, que lotou o espaço.

A apresentação solo do artista foi muito bem-recebida pelos presentes, que o aplaudiram em pé por mais de 3 minutos ao fim do espetáculo. Na performance de cerca de 30min, o coreógrafo exibiu domínio do corpo, alternando movimentos delicados e bruscos, com destaque a posturas complexas e expressões faciais marcantes.

Com poucas palavras, ditas em uma ausência de estrutura narrativa, Volmir utiliza todo o espaço cênico disponível em “Céu”. O espetáculo, no entanto, extravasa a beleza performática e de domínio do corpo do coreógrafo. “Céu” é um convite ao conhecimento do bailarino. O frágil, diminuto e transparente collant do figurino do dançarino em cena expressa essa exposição. Volmir está vestindo sua nudez, enquanto desnuda a obra coreografada e executada pelo exímio bailarino, doutorando em dança pela Universidade de Paris.

O olhar do público

Ao final do espetáculo, Ingrid, 22 anos, estudante de Engenharia de Aquicultura, ressaltou que: “o evento foi tocante, pois os gestos [do bailarino] são muito bonitos. Seus olhares e a interação que ele realiza sem palavras é incrível”. Por sua vez, Maria, estudante de 29 anos do curo de Letras Português, destacou que: “mesmo sem uma história clara, há algo de mágico na apresentação. Às vezes a nudez assusta um pouco, mas esse estranhamento, esse desconforto, nos conecta a algo diferente, mas, ao mesmo tempo, comum, que é o corpo”.

Sobre o artista

Doutorando em Dança pela Universidade Paris 8 e mestre em Dança, Criação e Performance pelo Centre National de Danse Contemporaine, de Angers (França), Volmir Cordeiro concilia a prática de pesquisador com o trabalho de intérprete e coreógrafo. “Céu” é seu primeiro solo coreográfico, criado em 2012, durante o mestrado, e já foi apresentado nas cidades de Angers, Bourges, Rio de Janeiro, Weimar, Paris, Montpellier e Rennes.

Para esta primeira criação como coreógrafo, Volmir se interessa pelo imaginário da pobreza, evocando uma cumplicidade direta com o seu público a fim de praticar aquilo que é o foco da sua criação: experimentar as solidões daqueles cuja vida está condenada a enfraquecer, a desaparecer, a minguar. A partir da memória de mendigos, prostitutas e imigrantes refugiados, com o solo “Céu” o artista procura, em suas palavras “dançar a vivacidade e a alegria de um corpo qualquer que festeja a ausência de justiça e de pretensão por um nome”.

Em suas pesquisas, o coreógrafo destaca que se dedica às representações de indivíduos marginais através de figuras do povo, do pobre e do anônimo. Aparências inquietantes, corpos sem nome, corpos miseráveis ou escandalosos, renegados pela história, expondo uma corporalidade marginal em cena, assinando com ela contratos de visibilidade emergentes e múltiplos. É a partir desse aspecto ligado à dança que Volmir pretende uma pesquisa mais ampla, buscando investigar como a exclusão, a marginalidade e a pobreza vem sendo expostas em cena, fabricadas pelos artistas que por este tema se interessam, e quais funções tais representações provocam ou podem fundar na nossa sociedade.

3º Experimenta

Realizado pela Secretaria de Cultura e Arte da UFSC (SeCArte) o Experimenta divulga a nova produção cultural desenvolvida na UFSC baseada na pesquisa em arte, proporcionado o acesso a diferentes linguagens artísticas e culturais. As apresentações artísticas do evento oferecem à comunidade universitária um espaço de apresentação artística, além de promover o interesse pela arte no meio universitário e incentivar a união dos diversos departamentos da UFSC em torno da cultura e da arte.

A terceira edição do Experimenta tem o apoio da Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades (SAAD), Departamento Artístico Cultural (DAC), Departamento de Cultura e Eventos (DCEven), Departamento de Artes (ART) e do Serviço Social do Comércio de Santa Catarina (Sesc-SC).

Mais informações

volmircordeiro.com

Gabriel Martins/Agecom/UFSC