UFSC Blumenau avalia reestruturação de cursos, turnos e oferta de novos mestrados e doutorado para 2019

25/07/2018 12:30

Quatro anos instalada na cidade de Blumenau, celebrado em 17 de março deste ano, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está presente na terceira maior cidade catarinense e em um dos principais polos industriais no estado. Inserido na cultura local, o Campus Blumenau planeja para este segundo semestre a reestruturação da unidade com um debate em torno dos cursos ofertados e na perspectiva de verticalização do ensino.

Atualmente, a unidade oferta cinco cursos de graduação, sendo três engenharias (Controle e Automação, Materiais, Têxtil) e duas licenciaturas (Matemática, Química), uma especialização em Educação Escolar Contemporânea e dois mestrados profissionais realizados em Rede Nacional (Matemática, Ensino de Física), envolvendo 1.156 estudantes com um quadro profissional de 102 professores e 52 técnico-administrativos em Educação. Concebido na linha das ciências exatas, o Campus Blumenau oferece cursos gratuitos em período integral (manhã e tarde) e à noite. A escolha dessa área de atuação envolveu a sociedade e representam a tendência de expansão e consolidação da UFSC em Blumenau.

Ao observar e vivenciar a cultura local, a unidade sinaliza que dois fatores precisam ser rediscutidos para melhor o atendimento à população. “Precisamos, permanentemente, repensar os processos, analisar o ingresso e a saída dos estudantes e o que se produz nesse movimento. Uma Comissão será criada nos próximos meses para rediscutir os cursos de engenharias e licenciaturas, como também a possível alteração de turnos e alguns cursos”, planeja João Luiz Martins, diretor do Campus Blumenau.

Novos cursos ou novas áreas do conhecimento e alteração de turno visam atender à população local, mas também à parcela de estudantes que vêm de outros estados para estudar na UFSC. Atualmente, 30 a 40% dos estudantes da UFSC são da região, nesse mapa, o corpo discente está aberto para o país. “O futuro sinaliza para rediscutir o campus e criar áreas do conhecimento para atender além da região, mas o país como um todo. Aperfeiçoar o campus é olhar para a expansão, pois não existe consolidação sem pensar a expansão”, argumenta Martins.

Ações futuras

As duas ações em debate são a oferta de novos cursos e a adequação dos seus turnos. Para as engenharias discute-se observar os cursos atuais e verificar se outros similares ou alternativos podem ser ofertados à sociedade. Nas licenciaturas existe o debate em torno da criação de um curso de Pedagogia como forma de ocupar o espaço noturno do campus, além de ser um ganho regional na formação do quadro docente especializado.

A reestruturação é algo que está sendo dialogado entre os servidores da unidade levando-se em conta indicativos oriundos da sociedade. Por meio dos cursos de licenciatura, o diálogo com os setores públicos na área de ensino foram estreitados com o objetivo de qualificar professores para atuarem na educação básica. O mesmo é realizado com as engenharias para estreitar relações entre o conhecimento científico e a necessidade profissional do mercado. “Precisamos facilitar os processos de aproximação com o setor produtivo, facilitar para que o conhecimento seja socializado. A pesquisa aplicada é responsável pela inovação”, enaltece Martins.

Para que ações de ensino, pesquisa e extensão sejam intensificadas, a verticalização do ensino no Campus Blumenau poderá passar pela criação de cursos de mestrado nas linhas de 1. Controle e Automação, 2. Introdução plena à Engenharia de Materiais, Química e Física, além do mestrado e doutorado em 3. Engenharia Têxtil. Todas as propostas foram aprovadas pela Câmara de Pós-graduação da UFSC e aguardam avaliação da Capes. A previsão de oferta é para 2019. “Esse é um olhar para os próximos 10, 15 anos e o futuro e consolidação do campus dependem desse passo”, revela o diretor.

Com 100% dos professores com título de doutor, a unidade define a verticalização como uma tendência natural que trará benefícios para a formação do graduando, melhor condição de estrutura, pesquisa mais inovadora, processo de relacionamento com o setor produtivo e absorção do estudante graduado.

Engenharia Têxtil

A área de Engenharia Têxtil terá a verticalização total, com a oferta em nível de graduação e futura de mestrado e doutorado. Pensado estrategicamente para fomentar o setor têxtil da região, o curso forma um engenheiro amplo e completo. A proposta é o estudante sair apto para administrar uma empresa, coordenar segmentos da indústria, como fiação ou fibras, malharia, tecelagem, beneficiamento, tratamento de efluentes, assessoria, venda técnica de equipamentos e produtos químicos, confecção (desde a modelagem, o encaixe, o corte, a confecção, a colocação no mercado), higienização do material, entre outros.

“O nosso engenheiro têxtil é pleno e consegue abraçar todas essas áreas de uma forma tranquila: vestuário, cama/mesa/banho, técnicos, decoração”, diz Catia Rosana Lange de Aguiar, coordenadora do curso de Engenharia Têxtil do Campus Blumenau. A inovação é um dos pontos abordados pelo curso. No laboratório têxtil, nanopartículas de prata foram aplicadas em tecido e testado o seu comportamento antes, durante e depois do tingimento, impregnação, esgotamento, formas, alteração de cor e lavagem.

Novos movimentos e ideias surgem da prática científica dentro das universidades e da demandas que surgem do mercado, especialmente advindas da moda. Assim, o engenheiro atua nas mais diversas formas, principalmente no desenvolvimento dos produtos diferenciados: uma fibra nova, ponto diferente de malharia, têxteis técnicos, agregar funcionalidades aos produtos, etc. “Nós fazemos isso aqui no laboratório, como o tingimento em produtos naturais, anti-UV, antibacteriano, essências. A Engenharia Têxtil e a Moda caminham juntas, uma depende da outra, pois não há uma indústria têxtil forte sem a moda”, explica Aguiar, salientando que “a moda vai trabalhar com as possibilidades técnicas que a Engenharia Têxtil oferece”, sendo que a primeira atua na confecção da peça e a segunda na construção do tecido.

Um dos principais polos têxteis do Brasil, a região Sul abriga empresas importantes no segmento. Entretanto, a formação de profissionais em nível de graduação em universidades públicas e gratuitas na região Sul estava restrita ao estado do Paraná. “A abertura de mercado na década de 1990 resultou em uma crise na indústria têxtil na região de Blumenau. Na época não havia curso de graduação que formasse engenheiros que pudessem auxiliar no processo de mudança industrial diante do mundo globalizado”, salienta Catia.

Ainda com uma forte vocação têxtil, Santa Catarina conta com o único curso público e gratuito em Engenharia Têxtil ofertado pela UFSC em Blumenau. O objetivo do curso é auxiliar no processo de inovação. “Há mercado na área, temos uma alta procura por estagiários e a engenheira têxtil chegou para auxiliar nesse processo. Os nossos profissionais terão capacidade para melhorar a produção diante do equipamento que a empresa tem, rever processos para reduzir custos e energia e melhorar a produção. Esse é o segredo do nosso futuro profissional, melhorar o que vem sendo feito, mudar algumas rotinas, inserir novos produtos, melhorar a gestão ambiental. A Engenharia Têxtil é forte na região e o nosso aluno sairá com condições de auxiliar”, reforça a coordenadora do curso.

Conheça os cursos disponíveis no Campus Blumenau e, também os cursos de graduação e pós-graduação de todos os campi da UFSC.

Nicole Trevisol / Jornalista da Agecom / UFSC