Gestores de comunicação propõem trabalho em rede para fortalecer as Ifes
A Agência de Comunicação da UFSC (Agecom) esteve presente entre os dias 22 e 24 de agosto da terceira edição do Encontro do Colégio de Gestores de Comunicação das Universidades Federais (Cogecom). Realizado na cidade de Foz do Iguaçu (PR), o evento foi organizado pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e é resultado de um esforço conjunto entre os comunicadores das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) por meio da Associação Nacional dos Dirigentes dessas instituições (Andifes).
A conferência de abertura tratou da ‘Crise midiática e desafio de comunicação para as IFES’ e contou com o debate do reitor da Unila, Gustavo Oliveira Vieira, da reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Soraya Soubhi Smaili, e da coordenadora da Pós-graduação em Estudos da Mídia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Valquíria Kneipp.
Mediada pela jornalista Amanda Thomaz Monteiro, a conferência trouxe como discurso a necessidade do trabalho colaborativo entre as estruturas de comunicação das universidades federais como forma de dar mais amplitude às ações de ensino, pesquisa e extensão. Segundo Soraya, existe a necessidade de “Desmistificar informações equivocadas e/ou mentirosas veiculavas na imprensa sobre os gastos com aluno, privilégios e alto investimento. Temos que falar com e para a sociedade o que estamos fazendo”. Vieira reforçou o papel da universidade na qualificação e melhoria da educação municipal e estadual. “É preciso definir um tema de interesse público para, assim, levarmos à tona dados das nossas ações e, com isso, aprofundar cenários para continuar realizando o que estamos fazendo”.
A pesquisadora Valquíria abordou o impacto das notícias negativas sobre a imagem das universidades e reafirmou a necessidade de repensarmos a forma de tratar essa imagem ruim e distorcida. “É fundamental que todos os servidores das universidades sejam tratados como fontes e que esses sejam treinados para tal”.
A tarde, o professor e youtuber André Azevedo da Fonseca falou sobre as narrativas digitais e as novas formas de divulgação científica com a palestra ‘Como utilizar a internet em favor da ciência’. Segundo Azevedo existem ferramentas digitais disponíveis gratuitamente para que os interessados aprendam a se comunicar com o público em geral de maneira mais interessante. “A comunicação precisa ser criativa e sair da armadilha de falar para si mesma. Isso vale para as universidades porque, diante deste cenário de ressentimento, é necessário perceber como a população se sente em relação à universidade”.
Como exemplo, André mostrou o seu canal no Youtube. “Ter inscritos é importante, mas para isso é fundamental estabelecer uma rotina com linguagem e abordagem únicas. Testar o que funciona e o que não funciona, primar por bons áudios e publicar o que é de interesse e útil para a população”. Para as organizações, Azevedo sugere que seja criada uma plataforma que hospede materiais produzidos pela comunidade acadêmica como forma de estimular estudantes e servidores para a produção de conteúdo digital.
No segundo dia de Cogecom Maria Victoria Braz Borja Rodrigues (UFOB) abordou a ‘mediação de conflitos na universidade: aspectos relevantes para a comunicação institucional’. O desafio do gestor de conflitos está em compreender a questão do problema, ou seja, qual é o ponto de conflito. Em seguida é fundamental refletir sobre a sua posição diante do conflito. “Como me comporto diante dele. E por fim, qual o interesse real desse conflito. O que desejo com isso?”. A comunicação não-violenta implica em ações colaborativas em que é fundamental filtrar o que se ouve e o que realmente é dito. “A maioria dos conflitos ocorre pelo tom de voz errado, porém precisamos entendê-lo como algo normal e que está presente no nosso dia a dia”, salienta Victoria. As dimensões do conflito passam pela percepção, pela emoção e pelo comportamento. Sugestões de leitura: Comunicação não-violenta – técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais, de Marshall B. Rosenberg, e Como Chegar ao Sim – A Negociação de Acordos Sem Concessões, de Roger Fisher e Willian Ury.
Cases de sucesso
Durante o Cogecom foram apresentados cases de sucesso desenvolvidos em algumas Ifes. A primeira Mesa trouxe temas relacionados à comunicação interna das instituições. Édina Rocha (UFGRS) falou sobre o Portal de Ingresso que reúne informações sobre como entrar na universidade. “O público são futuros acadêmicos, seus amigos e parentes, em especial os estudante do ensino médio. Em um espaço único abrigamos dúvidas frequentes, formas de ingresso entre outras informações disponíveis numa linguagem acessível”, relata ela. Para interagir de uma maneira descontraída e mais pessoal com os candidatos, a UFRGS criou uma personagem chamada de ‘Tia UFRGS’. “Ela entra em cena com a chegada das inscrições e sai com a divulgação do listão de aprovados. A nossa principal dificuldade com essa ação foi com a quebra do paradigma de que a universidade é elitista”.
Gabriela Willig (Unila) apresentou o Informativo La Semana Unilera, um veículo de comunicação interna voltada para servidores, estudantes e terceirizados. “O Informativo é enviado por e-mail e disponibilizado na internet nas terças e quintas-feiras. Um dos diferenciais foi criar o espaço Unila em imagens, em que a comunidade nos envia fotos espontâneas sobre o seu cotidiano”.
A segunda Mesa tratou dos desafios da comunicação pública na era das Redes Sociais e transparência. Lenilda Luna (UFAL) relatou a experiência com a Rádio Ufal, instalada em uma sala pequena dentro da Ascom e que produz conteúdo jornalístico veiculado na web. Magno Medeiros (UFG) apresentou o projeto Minha UFG, que integra numa interface responsiva (RWD) o Jornal UFG Online, o portal institucional, um aplicativo móvel e as redes sociais. Márcio Guerra (UFJF) trouxe o programa da TV UFJF Hora do Lanche, que ganhou repercussão nacional e gerou uma crise nas redes sociais após a exibição do episódio ‘Dia das Crianças’, em outubro de 2017. “A crise no Colégio de Aplicação João XXIII culminou em perseguição e em notas de apoio. Monitoramos as redes sociais, conseguimos reverter à situação e conquistar apoio da comunidade”.
O Cogecom também teve espaço para apresentação de sugestões à gestão de comunicação, como o software livre Sistema de Apoio à Comunicação Integrada (Saci) e o e-Mídia da UFPR, uma plataforma virtual que exibe notícias sobre a universidade e informações de utilidade pública em monitores de TV instalados no campus.
Nicole Trevisol / Jornalista da Agecom / UFSC
*Fotos: Divulgação/Cogecom 2018